segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Trote Solidário

Gabriela Murayama, Ricardo Badaró, Merlin, Pró Reitor de Graduação e Fabio Muzzetti

Os trotes violentos são proibidos na PUC-Campinas

O trote violento é uma prática formalmente condenada pela PUC-Campinas desde 2000, quando foi baixada a primeira Resolução Normativa sobre o assunto. Atualmente está vigente a Resolução Normativa 016/05, que estabelece a proibição e a punição aos veteranos que praticarem atos agressivos contra os novos alunos.

O único trote liberado na Universidade é o Trote Solidário, aquele em que calouros e veteranos, juntos, realizam trabalhos sociais voluntários em entidades e grupos que têm necessidades específicas.

Neste ano de 2007, os alunos calouros e veteranos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) participaram de um mutirão para ajudar uma creche em Campinas (SP). O Trote Solidário da FAU já é tradicional e acontece desde 1999 durante recepção dos alunos ingressantes, uma alternativa ao trote violento com justificativa social.

Outras atividades de cunho solidário e também artístico neste ano fazem parte da recepção aos calouros.

A orientação dada pela Reitoria e direção das unidades acadêmicas da PUC-Campinas é para que os estudantes que se sentirem constrangidos, humilhados e agredidos durante o período de trotes devem formalizar uma denúncia junto às Faculdades ou Centros.

Construção de bancos
Momento de integração
A combinação de sensações como ansiedade, deslumbramento, alegria e expectativa envolve o rito de passagem do Ensino Médio para a fase universitária. O nervosismo da busca por uma vaga na faculdade dá lugar ao anseio de vivenciar novas experiências e começar a construção de uma carreira profissional. No pontapé inicial da vida acadêmica, os calouros procuram descobrir o universo que os acolherá nos próximos anos e, mais do que isso, se integrar ao novo ambiente social.

Para os "bixos" se sentirem em casa, a PUC-Campinas os recepciona com ações de incentivo ao Trote Solidário. Na primeira semana de aula deste ano, os ingressantes participam de diversas oficinas de arte - dança, teatro e canto-coral - e captação de valores artísticos, promovidas pela Coordenadoria Geral de Atenção à Comunidade Interna (Caci), com o apoio do Centro de Cultura e Arte (CCA). Veja aqui os dias e horários dessas atividades.

O tradicional Trote Solidário da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), que acontece desde 1999, neste ano aconteceu no dia 7 de fevereiro, com a execução de projetos elaborados pelos veteranos durante a Atividade de Verão-2007, na Creche Menino Jesus de Praga, que atende 60 crianças e está localizada no bairro Novo Cambuí, em Campinas (SP). A construção de mobiliário lúdico, brinquedos interativos, tanque de areia, pintura de muros e plantio de árvores foram algumas das atividades executadas pelos calouros.

De acordo com a aluna do 4º ano da FAU Daniela Manfrim, o Trote Solidário é uma oportunidade do calouro despertar para a função social da profissão. "As ações solidárias já são um começo para o bixo abrir a cabeça. Não importa a profissão, ela não servirá apenas para ter sucesso e retorno financeiro. Terá também um caráter social, por isso é importante prestar serviços à comunidade", afirmou a veterana, que quando ingressou na Universidade participou da revitalização de uma praça da cidade.

Os centros acadêmicos e diretórios acadêmicos, além de receber os novos universitários com muito bom humor, também planejaram ações solidárias para aproximar ainda mais veteranos e calouros, como campanhas de doação de alimentos, roupas e brinquedos, e visitas a comunidades carentes.

Já os seis Centros - que reúnem as faculdades por área do conhecimento - promovem as recepções institucionais aos calouros, ao longo das primeiras semanas de aula, com encontros nos auditórios dos campi, nos quais será exibido um vídeo institucional com informações sobre a infra-estrutura e serviços oferecidos em cada um deles.

Crianças beneficiadas na Creche Menino Jesus de Praga

Opinião - O começo de uma carreira responsável
O trote é um rito de passagem na vida de qualquer jovem que ingressa na faculdade e é tão antigo quanto a própria universidade. Os trotes medievais submetiam os calouros a verdadeiras provas de sobrevivência, que incluíam pagar banquetes aos veteranos, agressões físicas sem motivo e cortes de cabelo em público.

A Fundação Educar DPaschoal lançou há oito anos a campanha Trote da Cidadania, uma iniciativa de transformar o período de recepção dos calouros, normalmente marcado pela violência e humilhação quase "medievais", em uma semana de realizações sociais, com atividades de cidadania e voluntariado. A PUC-Campinas foi uma das universidades pioneiras na realização do trote cidadão: em 1999, oito cursos participaram do 1º Concurso Trote da Cidadania e a Faculdade de Educação Física foi uma das premiadas no concurso.

Apesar de ainda existirem registros de violência praticada no início das aulas, faculdades de todo o Brasil já arregaçam suas mangas e desenvolvem projetos criativos de cunho inteiramente social. Após quase dez anos da realização do primeiro concurso, o Trote da Cidadania vem ampliando, a cada dia, seus conceitos e atingindo um número cada vez maior de faculdades participantes. Para se ter uma idéia, em 2005, mais de 150 líderes universitários receberam o certificado de participação da campanha.

Este ano, os melhores projetos de trote cidadão que possam resultar em uma história universitária participativa serão reconhecidos pelo Prêmio Trote da Cidadania 2007. Os universitários que tiverem seu projeto premiado irão participar do curso Voluntariado no Espaço Universitário, ministrado por profissionais que são referência no terceiro setor.

Atualmente, o principal desafio do projeto é fazer com que a partir do trote sejam realizadas atividades de cidadania durante todo período universitário, envolvendo, assim, a universidade, os calouros, os veteranos e a comunidade. Para tanto, é necessário que os organizadores das recepções façam seu planejamento pensando em atividades que não sejam pontuais e transmitam isso aos calouros. Por exemplo: se o Trote da Cidadania contemplar atividades de reciclagem de lixo, os alunos podem transformar a campanha em algo permanente, separar o lixo e escalar alunos calouros voluntários para levá-los aos postos de reciclagem durante todo o ano.

Assim, uma atividade que duraria apenas uma ou duas semanas pode ser transformada em uma prática constante dentro e fora dos muros da universidade. Todos ganham com a iniciativa: a instituição de ensino, que pode otimizar seus recursos e se tornar cada vez mais socialmente responsável, a comunidade, que estabelece parcerias e participa dos projetos, podendo até transformá-los em fonte de renda para famílias carentes. Os alunos veteranos e calouros, que já adquirem na universidade o espírito de voluntariado que pode ser levado para toda a vida profissional. Mas quem ganha, principalmente, é a sociedade, que vai receber no mercado de trabalho profissionais mais conscientes de seu papel de agentes de construção de um mundo mais justo.

Marina Carvalho, analista do projeto Trote da Cidadania, da Fundação Educar DPaschoal


As brincadeiras vexatórias e os atos agressivos não são benquistos pela calourada. Muito pelo contrário, a galera jovem busca atividades cidadãs para iniciar a vida universitária com o pé direito. O trote violento há muito tempo perdeu espaço para as ações solidárias, que propiciam integração entre novatos e veteranos, melhorias para a população carente e desperta a consciência de cidadania e voluntariado nos futuros profissionais.

Para incentivar cada vez mais os "trotes do bem", a Fundação Educar promove o Prêmio Trote da Cidadania, que reconhece os melhores projetos organizados em universidades brasileiras. Em sua oitava edição, o Trote da Cidadania premiará os universitários com o curso Sustentabilidade das Ações Sociais Dentro da Universidade, ministrado por profissionais que são referência no setor social.

Para participar, os alunos responsáveis pela organização das atividades devem inscrever seus projetos até o dia 5 de março. Este ano, a meta é fomentar as ações sustentáveis, que possam ser realizadas durante todo o ano, e não somente no início das aulas. A premiação acontecerá em abril de 2007.

Fonte: http://www.puc-campinas.edu.br/especial.aspx?id=29

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